quinta-feira, 13 de setembro de 2007

POESIA

Poesia: Primardes do ritmo


Quando me decide escrever sobre poesia, fiquei em dúvida da maneira como poderia citar versos e sonetos de até 100 anos atrás, de uma forma que não se tornasse repetitiva, cansativa ou até persuasiva.
O gosto pela poesia é como o gosto musical: você pode ser fã das românticas, parnasianas, realistas, modernistas, barrocas... ou, quem sabe, todas elas!
Antes de começar a introduzir poesia literalmente dita nestes posts, acho interessante explicar um pouco sobre gênero poético.
A poesia nasce ao mesmo tempo em que a música, a dança e o teatro, nos berços da civilização grega, sob a forma de ritmos. Era a palavra cantada ou articulada de maneira foneticamente bonita, para acompanhar as canções. Depois, mesmo nas revoluções mais radicais das formas poéticas, o ritmo continua a ser o elemento-chave da expressão. É certo que a motivação rítmica varia entre o passado e o presente. Com o desenvolvimento cultural, os aspectos primários do ritmo e do som começaram a adquirir tons intelectuais e tratar de uma maneira particular de assuntos sociais. Os autores não pensavam mais na função estrita da letras que acompanhasse a canção. Novas sugestões rítmicas foram aparecendo e permitindo a narrativa constituir-se em formas fixas. Logo, a poesia não era mais palavras que acompanhavam as notas musicais, e desenvolve-se a sua segunda função: informar.
Mais tarde, os poetas foram amadurecendo seus pensamentos e suas perspectivas, e através da poesia, revolucionando também os movimentos literários do mundo. Nesse ponto, ela já havia formado sua própria identidade, desassimilando sua imagem da música e se associando mais que definitivamente na literatura.
Vários poetas portugueses, ingleses, franceses, espanhóis e brasileiros marcaram eternamente a poesia mundial. Dentre eles, me permito citar (os meus favoritos) Fernando Pessoa, William Shakespeare, Pablo Neruda, Vinicius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Olavo Bilac, Mario de Sá-Carneiro, Alexei Bueno, Cecília Meireles, entre outros. Pretendo desvendar e expor um pouquinho de cada mundo desses autores, para trazer ao conhecimento dos meus leitores, um pouquinho sobre o mundo da poesia.

Como em uma crônica cujo tema sempre será poesia não poderia faltar uma, vou introduzir um pouquinho sobre o nosso próximo assunto. Pretendo falar um pouco sobre a poesia shakesperiana, pouco difundida e muito valiosa. Shakespeare era um grande dramaturgo inglês. O que poucos sabem é que os primardes de sua carreira foram na poesia. Segundo o site Wikipédia, ele escreveu 154 sonetos, contribuindo com a literatura mundial, e se “qualificando” assim à participação destas crônicas sobre poesia.

Soneto XVII

Who will believe my verse in time to come
If it were filled with your most high deserts?
Though yet heaven knows it is but as a tomb
Which hides your life and shows not half your parts.
If I could write the beauty of your eyes
And in fresh numbers number all your graces,
The age to come would say, `This poet lies:
Such heavenly touches ne’er touched earthly faces.’
So should my papers, yellowed with their age,
Be scorned like old men of less truth than tongue,
And your true rights be termed a poet’s rage
And stretched metre of na antigue song:
But were some child of yours alive that time,
You should live twice, in it and in my rhyme.

Tradução: Jorge Wanderley

Quem crerá nos meus versos algum dia,
Se tanto louvam tuas qualidades?
Mas sabe o céu que são a tumba fria
A te esconder a vida e só a metade
Dizem de ti. Se teus olhos, somente,
Ou tuas graças todas eu cantasse,
O futuro diria: “O poeta mente,
Que o céu não toca assim humana face.”
E então os meus papéis já desbotados
Seriam - como velhos falastrões -
Encarnecidos e os teus dons deixados
No esquecimento de banais refrões:
Mas terás, se um teu filho viver tanto,
Dupla vida: no filho e no meu canto.



Por Rubia Dalla Pria

Um comentário:

Verônica Fernandes disse...

Rubia acredito que não exista um tema tão peculiar à vc qto o da poesia... Vc é uma poesia viva, nos envolve com sua suavidade a cada dia e nos faz entender o qto poderemos melhorar enquanto seres humanos.
Conhecê-la foi uma grande dádiva e tenho certeza que seus versos e aqueles que vc escolher para postar me fará viajar por suas estrofes.

Verônica