POESIA

Vinicius, prosa e poesia...

"São demais os perigos desta vida

Pra quem tem paixão principalmente

Quando uma lua chega de repente

E se deixa no céu, como esquecida

E se ao luar que atua desvairado

Vem se unir uma música qualquer

Aí então é preciso ter cuidado

Porque deve andar perto uma mulher..."

Falar de poesia brasileira é falar de Marcus Vinicius da Cruz e Mello Moraes. Quem nunca ouviu dizer por ai (ou mesmo disse) “de tudo, ao meu amor serei atento, antes e com tal zelo, e sempre e tanto...”?
As músicas, poemas, poesias e textos deste grande artista carioca embalaram o romance dos nossos pais e avós, e é provável que embale o nosso também. Suas palavras não foram enterradas junto ao seu corpo no ano de 1980. Durante a sua carreira, ele também ficou conhecido por escrever peças de teatro e livros infantis.
“O grande poetinha”, como era chamado, tinha uma lista de amigos das mais invejáveis. Nela, constam nomes como Pablo Neruda (a quem dedicou um livro), Toquinho (com quem compôs e gravou várias canções) e Carlos Drummond de Andrade (do qual teve a honra de ouvir a seguinte frase: "Vinicius é o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado natural. Eu queria ter sido Vinicius de Moraes.").
Sua carreira artística passou pelas fases mística, popular e social, mas a sua marca registrada foi o lirismo. Nesta última, percebemos o misto de erotismo, sensualidade e romance com que o autor escrevia. No soneto que eu escolhi para postar, podemos ver essa fase claramente.

Soneto da mulher ao sol
Uma mulher ao sol – eis todo o meu desejo
Vinda do sal do mar, nua, os braços em cruz
A flor dos lábios entreaberta para o beijo
A pele a fulgurar todo o pólen da luz.

Uma linda mulher com os seios em repouso
Nua e quente de sol – eis tudo o que eu preciso
O ventre terso, o pêlo úmido, e um sorriso
À flor dos lábios entreabertos para o gozo.

Uma mulher ao sol sobre quem me debruce
Em quem beba e a quem morda e com quem me lamente
E que ao se submeter se enfureça e soluce

E tente me expelir, e ao me sentir ausente
Me busque novamente – e se deixa a dormir
Quando, pacificado, eu tiver de partir...

Vinicius é um dos meus autores favoritos. Peço desculpas se deixei transparecer muito minha preferência neste post. Minha intenção sempre é contar um pouquinho sobre a poesia e seu brilhantismo. Porém com ele, é impossível ser imparcial. Deixo como sugestão para quem quiser saber mais sobre vida e obra desse grande mito, o site projetado e organizado pela sua família,

http://www.viniciusdemoraes.com.br/.

Até semana que vem!!!

Fonte de imagens:http://www.releituras.com/viniciusm_bio.asp